quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Os opostos não se atraem

Talvez o silêncio seja a vida
talvez a agitação seja a morte.
Dois opostos darão sempre contradições.
Eu acho que os opostos não se atraem,
acho que se chocam demasiado
tentam unir-se demasiado
e a força do magnetismo....oh...

O meu oposto diria que um Dó é um Ré
o meu oposto diria que pinto de uma cor só.
Ele não me vê...ah...ele não é manso comigo
ele choca contra mim.
despedaça-me
não vejo silêncio nele.
o meu silêncio...se gosto de ficar inerte,
porquê gritar?

O meu igual transcende comigo
o meu igual corre pelas minhas telas de variadas cores.
ele sussurra-me baixinho...
e numa pequenina palavra diz tudo
ele não precisa de me mostrar o mundo
de o percorrer para dizer que me ama.

E no nosso escuro embala-me num pequeno abraço
que promete um amanhã
um nosso espaço
a nossa galáxia privada...
mesmo por cima da nossa pequena cama...

oh...o meu desigual diria que sou extremamente insana.

Catarina Miranda

(Jul 11 2008)

1 comentário:

  1. «Quand on me contrarie, on éveille mon attention, non pas ma colère ; je m'avance vers celui qui me contredit, qui m'instruit.» (Michel de Montaigne, sec.XVI)

    Não podias estar mais correcta, nunca tinha avaliado bem essa perspectiva... mas, continuo a acreditar que são as diferenças que unem ou afastam as pessoas. As leis da interacção fundamental da natureza afirmam mesmo que as interacções mais fortes (‘força forte’) não ocorrem entre corpos opostos… daí se extraí que 'Dois opostos darão sempre contradições', sim e sem dúvidas, competem demasiado sem se definirem mutuamente!

    Belo registo, entre os demais...
    :)

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