quarta-feira, 4 de março de 2009

Paisagem Emocional

Contavam-me os ventos aos meus lábios histórias de longe,
das terras de ninguém e num sopro expirei Íris, que dos seus ombros inclinados às águas de Shannon saboreava brandando a sede.
Elevando-se, visualizei o seu tronco esbelto, rodeado de trajes Outonais, rimando com os seus olhos mel, fixados, num transe, no ansioso horizonte.
Do outro lado da sua margem, no verde fusco, Coran respondia-lhe numa prosa mental e telepática. Vendo de onde me encontro, flutuando, decifro os seus olhos como dois circulos imensos e profundos negros que no centro da distância, a meio rio, colidem festivais de cor transcendente e orgásmico.
As duas figuras ficam imóveis durante tempos, apenas os cabelos se movem ondulando no crepúsculo. As cores do céu fecham-se e abraçam-se, diluem-se. A cada morte do Sol, os rubores são destintivamente diferentes a cada dia, e nesse dia...oh nesse dia, aquele amor ascético mental atinguiu o auge, vi vultos abandonando os seus olhos para esbater na mais raia amanhecer, já não havia flúmen nem pasto, os corpos jaziam sob o céu celeste aos tons púrpura anil que deixavam brilhar já os astros que os ascendem. Só eu vira tal romaria, e talvez quem visse não acreditaria, pois sempre soube distinguir a paisagem duma efémera paisagem emocional.

1 comentário:

  1. "Só eu vira tal romaria, e talvez quem visse não acreditaria, pois sempre soube distinguir a paisagem duma efémera paisagem emocional."

    Toda a maneira de escrever e sentir o que se escreve colocada numa simples frase...
    Boonito... Como tu dizes :P

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