segunda-feira, 9 de março de 2009

Cerejeira

Há cerejas no meu quintal,
aquelas esféricas recheadas do sulco ardente refulgente
que no bico se consome, alquebrando-me os restantes sentidos.
E ali fico, edificada ao lado do mastro,
mãe das obesas de 10 centímetros,
que petrificada, olhando-me lá do alto,
pergunta-se se me deu prazer.
Ora ainda de vista cerrada, gozo o gosto,
e fico calada que nem me mexo,
além dos movimentos giratórios das papilas gustativas em êxtase.
Talvez se engolisse, agora mesmo, a cerejeira arreliava-se
e consequentemente não daria fruto
tão igualmente magnífico, como este mesmo, durante muitas décadas!
Não! Talvez séculos! E mesmo depois, morta,
assombraria as outras cerejeiras em seu redor, oh!
E há alma aqui? Há pois!
Nunca conheci ser nenhum que sem alma me desse tamanho alvoroço,
e mesmo que fosse uma efémera sensação de algo,
pois se algo me faz sentir, esse algo também portaria vida!
E a vida tem alma.

2 comentários:

  1. tu escreves tão bem :o

    vou-te seguir caranguejinha :D *

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  2. Sempre que aqui venho, fico tão embasbacada!
    Onde encontras tanta inspiração? :D

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