quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009



Parcialmente imune
Parece-me que vivo há séculos
Num castro debaixo de girassóis.

Ao sótão uma ventana, frincha de luz
que me fecha os olhos ao milagre de prazer.
E só eu a conheço, só eu a conheço.

Lá em baixo gemem os meus trapos
ao gigante homem púrpura raivoso
esmaga, monocromatiza, dilapida as cores que tento plantar.
E a criança que em mim habita compreende
que de água-pranto somos feitas
e a flama que em baixo povoa
nem a extingue nem a aquieta,
então balançamos entre o viridário e o abismo
Entre a frecha e a cave.
Água e Fogo.

Ouço os seus passos pesados durante a noite
não há calma debaixo do vergel
E quando a lua não reina a fenda
a sombra deplora-se em meus braços.
Ele não chora, oh ele não chora.
E só eu o conheço.

(Shhh, dorme que eu respiro, pequena.
Delicado e leviano é o teu corpo
que repousa serenamente debaixo do empíreo,
sei que sabes o que te espera,
o oráculo que em arco-íris brota do teu pensamento.
És espelho sendo água
e nada podes esperar de um fauno em chamas.
Mas os teus pés são vento
e o teu peito um escudo bélico.
Sobrevives dentro do lar que dentro criaste
e o amor, esse, é o que preenche quem de leve entrar.
Lá fora, reina a friagem e os calafrios da viajem
pois ninguém entra, ninguém entra.)

Catarina Miranda

1 comentário:

  1. Ooooh, obrigado ^^ eu tb adorei este poema teu :D gosto da forma como escreves, eu cá já nao tenho tanto jeito para a poesia, mas lá vou escrevendo quando calha ehehe :)

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