Andei pelas quebradas abismais
Em busca dessa argila que era eu,
Mas nada consegui do que foi meu
Nem vi, sequer, o rasto dos meus ais!
Voltei às convivências espectrais
Da sombra em que o meu ser se converteu
E o sonho que vivi perto do céu
Perdeu-se como as folhas outonais!
Talvez exista ainda na lonjura
A catedral imensa da ventura
Firmando o pedestal do meu desejo…
Talvez exista, sim, quem sabe lá?
Mas onde procurá-la? – Onde está?
Se eu vivo dentro dela e não a vejo?!
Alberto Miranda, Musa incerta (1957)
domingo, 21 de junho de 2009
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Gostei muito :D
ResponderEliminarAlberto Miranda? É da tua familia? xDD
Excelente ventura este poema, talvez abrace a profundeza que Eça estimou nas singularidades de uma rapariga incerta... talvez uma composição mais tardia apague os traços destes seus tormentos outonais!
ResponderEliminar:)
"E o sonho que vivi perto do céu
ResponderEliminarPerdeu-se como as folhas outonais!"
Adorei ! Muito bem escolhido o poema (: