sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Reencontro

Disseste que te sentias perdido
ajeitei o meu vestido
e fui à procura da tua casa.


Eram vastos os campos de searas que nos rodeavam, Artur, que me seguias pelo meu rasto de desmaios. Saltitavas, cantando as canções da nossa terra, não sabias, mas eu sorria ouvindo-te encantada.
Procurava desesperadamente por uma luz, algo para além do nosso candeeiro a óleo que crescia à medida que o sol se punha.
Não havia Lua nessa noite e a avó Mia não tinha vivido o tempo suficiente para me ter ensinado como encontrar os pontos cardeais nas estrelas. Apenas searas a imensidão e finalmente também eu me senti perdida.
"Sentes-te diferente, Artur?"
"Não, estou o mesmo"
"Acho que sei agora como é estar perdida, querido, há quanto tempo portas esta sensação?"
"Pois...não me lembro"
Há quanto tempo? Seria a única a oferecer-me para te encontrares?
E agora que estava perdida, quem viria para me encontrar?
Quem viria para me fazer encontrar e livrar-me da perda de casa interior.
No fundo do meu íntimo adorei a sensação...e deixei-me ficar, afagando-te os cabelos, reconfortando-te com as palavras doces que atenuavam o medo fictício balançando no céu.
No meio do nosso sono deixei arder o candeeiro, que enlouquecia com o vento desistindo até morrer.
Ao amanhecer renasci, como era possível? Artur, tu e eu perdemo-nos ao lado da nossa casa. Como foi real? ahhh não foi real.
Tu não acordas-te pois não estavas lá, mas no meu sonho, ensinaste-me como estar perdida tão perto do reencontro.
Desta vez acordara mais em casa do que nunca, afinal a minha tentativa de te resgatar foi em vão, todo esse sonho foi em volta do reencontro comigo mesma, pois a tua casa era na minha imaginação.

Catarina Miranda

1 comentário: